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Queixinhas! Queixinhas!

Bom, na verdade só vim aqui porque não tenho ninguém a quem me queixar da vida. Vim aqui porque falar só com os anjos mentalmente não é suficiente. E escrever aos anjos dá -me a sensação que fica metade por escrever e demonstra o que sinto. Por isso, aqui estou. A escrever... Ao mundo... Como se fosse um amigo. Decidi, meio que inicialmente, meio que inconscientemente, afastar-me das pessoas. De algumas pessoas, para não dizer quase todas as pessoas. Agora é deliberado. Sei que me ajudaram quando não estava bem, ou não me ajudaram tanto como estava à espera, ou talvez não estivesse preparada para receber ajuda. Ok, não me senti tão apoiada quanto isso. E fui apoiada por outras pessoas de quem não estava à espera. Isso fez com que, quando me sentisse melhor, me quisesse afastar. Não por elas, por mim. Não é um sentimento de ingratidão pela ajuda prestada, mas senti que agora que me sinto bem percebi que estávamos na mesma vibração. Do queixume, da vitimização, do julgamento, do criticar...

20 meses depois

20 meses depois, a minha alma está no quarto ao lado. 9 meses unidos, num só. 6 meses unidos, como siameses. 5 meses unidos, a um pé de distância. Que viagem. Que eternidade. Esperei por este momento. Tive medo deste momento. E se não te desses bem? E se eu me sentisse demasiado feliz por estarmos separados? E se acordasses 1000 vezes e eu 1000 vezes mal humorada sair do meu quarto para te acolher? Tive medo por este dia. Queria que chegasse. Queria que não chegasse. Todos os meses uma desculpa: Ainda não dorme bem Acorda muita vez Altura da introdução alimentar  Ainda não é a altura Época de férias  Ansiedade de separação Depois creche Ele não se vai dar bem E hoje foi o dia. Hoje, foi o dia. Hoje sinto o silêncio. Dentro de mim. Fora de mim. Nestes dias tenho pensado em como tenho pena de não te ver a adormecer. Adormeço-te sempre no escuro, com medo que acordes. Toco-te o mínimo para que não acordes. O mínimo de luz até à tua caminha. E tenho pena de não te ver a adormecer....

A Roda da Fortuna

Será que me tornei ainda mais egoísta quando deixo a vida dos outros em paz e começo a olhar para a minha vida com outros olhos? Já não tenho muito interesse nas pessoas, nas suas situações, o que passam ou não passam, se se sentem bem ou mal. Não sei se me consigo explicar bem. Não é um desprezo total. Não é um interesse de queeeeero saber. É mais um não tenho muito interesse mas se as pessoas contarem ou falarem eu simpatizo com elas. Mas não tenho pena. Será isto a compaixão? Não ter pena e ter compaixão? Já não fico a remoer nas histórias dos outros. Nem sequer faz sentido eu sentir-me mal por causa dos outros. Já basta eu ficar mal com as minhas próprias cenas. Serei interesseira? Não saberei lidar com o poder? Já que quando me sinto lá em cima, plena, em paz, com calma, com amor, não olho para baixo? Penso sempre que cada um tem o seu caminho, mas por outro lado, penso que essas pessoas teem tudo para se levantar e não se levantam. Não tenho pena, tenho pouca compaixão. Pouca con...

Espaço

É tão estranho estar dos dois lados da barricada. Ver os dois lados da moeda. Perceber que sou uma cara e uma coroa. Quando era miúda, passava muito tempo em casa com os meus pais, principalmente com a minha mãe. (Eu passava o dia todo com a minha mãe). Recordo-me de passar tanto tempo com eles que ficava farta deles. (Ainda hoje é assim, diga-se de passagem, consigo estar curtos espaços de tempo com eles, eles são muito intensos). A minha única hora de liberdade era quando eles iam ao Continente. Levavam o meu irmão, ele trazia sempre um brinquedo qualquer para ele, e para mim nada (mas isso é outra história), e eu ficava sozinha. Sozinha em casa. A liberdade. Punha música, via televisão. Não que houvesse muito para fazer, mas estava livre de pessoas. O silêncio. Claro que era miúda adolescente e passado umas 2h já me começava a doer a barriga dos nervos pelo facto deles nunca mais chegarem a casa. E hoje com o meu bebé tenho dificuldade em deixá-lo muito tempo sozinho. Quero e não qu...

Estrela Polar

És a minha lua. És o meu sol. És o meu norte. És a minha bússola. És o meu guia. És o meu caminho. És tu que me dizes o que preciso curar. Tudo aquilo que eu sempre evitei, tu estás aqui para me forçar a trabalhar. A trabalhar-me a mim. A trabalhar os meus traumas. A trabalhar a minha infância. A trabalhar o meu bebé interior. A trabalhar a minha criança interior. A trabalhar o perdão. A trabalhar a gratidão. A trabalhar a culpa. A trabalhar o medo. A trabalhar a vergonha. A trabalhar o abandono. Não é tua responsabilidade. Não quero que tenhas este peso às costas. Eu sou a mãe. Tu és o bebé. E não o contrário. Mas és tu que me tens tanto a ensinar e mostrar. E ainda nem falas. És tu que me mostras o caminho da cura para que tu não passes pelo mesmo. Cura de padrões. Cura do passado.

Vista

Há meio ano que tenho uma vista magnífica mas não consigo ver. Olho mas não vejo. Não vejo o céu. Não vejo as nuvens. Não vejo as luzes. Não vejo o rio. Não vejo os aviões. Olho mas não vejo. Já tinha reparado, numa viagem que fizemos, que estava cega ao mundo exterior. Nunca está viagem tinha sido tão curta. Não vi as árvores. Não vi os montes. Não vi a serra. Não vi o rio. Não vi os caminhos. Tudo me passa ao lado.  mas não vejo. Não vejo profundidade. Não vejo significado. Não consigo só estar e ser. Se chove não posso ver a vista. Se está sol não consigo estar muito tempo porque está calor demais. Fere-me a vista. Mal tenho os olhos abertos. Talvez sejam desculpas. Podia sentir-me à janela mas ainda assim não vejo. Não sinto.

Regredi

Sinto que regredi nos relacionamentos. Desde que pari que regredi. O pouco que tinha caminhado com o meu companheiro foi por água abaixo. Até ele ter chegado eu tinha imenso complexos. Passava a vida a dizer que não sabia beijar. Não sabia estar. Não tinha experiência. Odiava que me tocassem. Eu nunca tocava em ninguém, não sabia tocar. O máximo que conseguia tocar era em forma de bater, bater no ombro, bater nas costas, tipo os homens "dá cá esse bacalhau!". Não dizia isto, mas era este o sentido. E desde que estou com o meu companheiro que isso melhorou. Claro que ele se queixou sempre de que eu não tocava muito ou não tinha muita iniciativa, mas até que fazia qualquer coisa. E, para mim, "qualquer coisa" já era um mundo. Sempre me achei esquisita, nunca soube muito bem o que fazer com as mãos. Um simples dar festas, carinhos era esquisito. Não sabia dar. Não sabia se era assim, se era com muita força ou suave demais. Não sabia e, por isso, pouco fazia. Desde a mi...