Ter um filho é assim tão altruísta?

 Sempre quis ser mãe. 

Agora que sou mãe vejo que não é nada fácil.

Para uma pessoa que começa tudo e não acaba nada, ter um filho é um projecto a tempo inteiro, 24h, e que é para sempre, não é uma tarefa fácil.

Nada fácil.

Eu que sempre quis fazer as coisas no meu tempo, no meu ritmo, que saí de casa para ter a minha liberdade, agora tem um bebé nos braços.

Ninguém nos diz o quão lixado é ter um bebé que não dorme, que não come, que também tem o seu tempo e o seu ritmo e que se sobrepõe a tudo aquilo que tu queres e pensas.

Ninguém nos diz o que fazer com um bebé que passa horas acordado e que se chateia com tudo facilmente.

Fico com o cérebro em papa de tanto pensar em coisas para o entreter.

Obviamente que fui parar ao psicólogo, isto sozinha não dá.

E fez-me pensar: "ainda bem que tem o bebé consigo todos os dias e a todas as horas porque assim tem oportunidade de fazer de novo todos os dias, se erra hoje, amanhã tem a oportunidade de remendar, de fazer diferente".

E eu pensei "Caraças, é verdade, aqui tenho a oportunidade de dar continuidade a um projecto, obrigar-me a focar no presente e a focar-me num projecto e não há problema de eu errar porque amanhã posso fazer diferente".

Mas mais uma vez só estou a pensar em mim, no meu crescimento, nos meus erros, na minha incapacidade de aceitar os erros e, aparentemente, baixa capacidade de lidar com a frustração, porque eu desisto das coisas muito facilmente.

Então e o bebé? Como fica no meio disto tudo?

É assim que nós ficamos traumatizados para a vida adulta? Não percebendo que os pais fazem de nós cobaias para o crescimento deles?

Será que o meu bebé é a minha cobaia para eu ser uma pessoa melhor?

E como fica ele no meio de tudo isto?

Dou tudo de mim, dou o melhor (e o pior de mim) e como fica o bebé?

Foto de Nguyễn Quốc Thái: https://www.pexels.com/pt-br/foto/adoravel-encantador-cativante-bebe-9805398/

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