6 anos depois

Eu nem sei por onde começar este texto.
Chego à conclusão de que é bom escrever para purgar o que vai cá dentro mas também chego às conclusão de que escrever é deprimente.

Pensava eu que estaria a fazer uma coisa nova... Não nova, vá, porque sempre escrevi, mas diferente e vai-se a ver e já tinha feito isto há 6 anos atrás.

E tenho agora a ligeira sensação de que, se eu for aos meus cadernos de miúda, devo ter escrito exactamente a mesma coisa (lembrete: ir à arrecadação reler os meus diários de miúda).

E é deprimente porque fica escarrapachado o que andei a pensar na altura e mais deprimente ainda pensar que 6 anos se passaram mas não mudou muita coisa.

Primeiro que tudo e é o top da deprimência é de que o meu primeiro texto de um qualquer caderno/diário/blog é sempre o mesmo:

Quer o meu caderno que comecei desde que iniciei a terapia com a psicóloga, quer o blog, quer o caderno de há 6 anos atrás.

"Ah e tal e há anos que não escrevo e escrever faz tão bem e é agora que vou ser regular na escrita e é agora que me vou dedicar a isto e pode ser que eu aprenda alguma coisa e blá blá blá..." 

E já estou mesmo a ver o filme que é de que este blog terá o mesmo fim dos cadernos, isto é, irá ter uma vida curta, uma vez que eu raramente consigo terminar alguma coisa.

Acho que se vai a ver e a psicóloga não me está a dizer nada de novo PORQUE!...

Tudo o que andei a escrever até agora é quase igual ao que escrevi há 6 anos atrás.

NOTA: iniciei a escrita na altura, em 2016, porque também andava no vazio, a sentir-me sozinha, invisível e desamparada e, devido a isto, fui fazer psicoterapia aliada a astrologia e a terapia de vidas passadas.

NOTA 2: agora em 2022 fui parar à psicóloga e o exercício que ela me propôs fazer foi iniciar a escrita.

NOTA 3: reparo, neste momento, que iniciei consultas de psicologia em 2022 pelos mesmos motivos que em 2016.

Só para ter noção do quão deprimente foi reler o que escrevi na altura, foi o facto de ter escrito sobre me sentir frustrada... Não fiz eu ontem um texto sobre frustração? 

E não falei eu ontem de frustração como se nunca tivesse pensado nisso antes?

Percebo que os anos passam, as situações mudam, as experiências mudam mas os meus sentimentos continuam os mesmos: irritada, com raiva, desamparada, sozinha, invisível, frustrada.

Ou seja... Mas eu aprendi alguma coisa de lá para cá?

Penso que estou a fazer uma coisa nova e afinal já a fiz?

E a minha memória onde anda?

Eu que sempre me gabei da minha memória de elefante e afinal... Bola?

Não, não é a memória (ou a falta dela) de grávida ou do pós-parto que é a culpada. Sou eu que acho que sou original e afinal até não.

Sempre quis fazer alguma coisa de diferente para ajudar as pessoas mas depois bloqueio porque acho que não vou fazer nada de novo que outras pessoas já não façam. Mas com isto, o que é que o Universo me está a tentar dizer?

Que não aprendo com os erros? Ok, isso já percebi.
Que a minha memória não assim tão boa? Também check
Que de facto não tenho mesmo nada de novo para mostrar às pessoas? Talvez

Mas isto é tudo negativo, não há nada de positivo a aprender com isto?

Como posso viver no presente se não aprendo com o passado?

O que é irónico é que eu sempre vivi no passado ou no futuro e nunca consegui viver o presente e afinal, agora que devo tentar viver mais o presente, vou a olhar para o passado (coincidências), supostamente com outros olhos e vejo que não aprendi grande coisa porque sinto o mesmo que na altura.

Conclusão, penso que isto seja uma lição para eu conseguir finalmente terminar alguma coisa, porque até agora não o fiz, e que por isso parece que estou constantemente a recomeçar do mesmo modo.

Parece um deja vu, mas em vez de ser diário como nos filmes, é de anos em anos.

Portanto, se eu quero algo novo e diferente tenho de terminar todos os textos que iniciei.

Vamos ver onde é que isto vai dar.

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