Rascunhos

Isto é um blog.
E, supostamente, para manter vivo um blog e manter os leitores interessados, deveria escrever uma publicação por dia.

Não estou a conseguir.

Tenho tantos rascunhos, tantas ideias, tanta coisa para deitar cá para fora (que pode ou não ser interessante, o que, na verdade, não me interessa) que quero (preciso?) publicar mais por dia.

E se alguém ler e saltar publicações?

Não faz mal, já que estes podem ou não ter ligação, podem ou não ter seguimento.

Um texto pode tocar o coração de alguém mas outro texto pode nem sequer ter nada a ver.

Preciso é de escrever.

E se escrever tudo num só dia e tiver dias em que o blog fica vazio?
Deveria ter um rascunho ou outro para colmatar esses dias de vácuo escriturário.
Nem que fosse uma frase.
Pois, talvez devesse.
Mas não tenho.
Este não é um blog para as pessoas.
É para mim.
É para me esvaziar.
Não é para entreter.
É para me aprofundar.
Para me conhecer?
Para ver o mundo.
Sem sair de casa? 
Sem ser extrovertida?
Dentro de um telemóvel (sim, é onde escrevo)?

Sim.

De facto, talvez não queira sair de casa porque não preciso.
Sair de casa deveria ser fácil. Simples.
Não é.

Escrever é-me fácil.
Simples.
Complexo.
Profundo.
Supérfluo.
Sábio.
Tosco.

Posso não escrever da forma mais correta, posso não ter o léxico todo, posso-me repetir imenso.

Não faz mal.

Cada um tem a sua forma de se expressar, cada um tem a sua forma de se fazer entender e cada um tem a sua forma de interpretar.

Já não estamos nas aulas de português em que um texto, prosa ou poesia, tem uma única interpretação (a do professor, escola) e as 1001 interpretações diferentes doa alunos (porque cada aluno é diferente e tem a sua história) estão "erradas" ou incorrectas ou "é um bom ponto de vista mas vamos direccionar-te".

Eu posso escrever algo que para mim tem um significado mas que outra pessoa lê e vê um sentido totalmente diferente.

Acho esquisito? Posso achar.
Mas não estou dentro dessa pessoa.
Não sei qual a história dela.
Não sei o que a levou até ali.
Eu tenho a minha visão da realidade.
É a certa?
Para mim é... Hoje.
Amanhã já não sei.

Volúvel?
Influenciável?
Talvez.

Difícil existir constância por aqui.

Como me podem compreender?
Como me posso compreender se mudo tão facilmente?

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