Um pensamento velado
Será que um dia alguém me vai ler?
Alguém ou alguéns?
Gostava.
Gostava de ser lida.
Não para não ser a única.
Por ego?
Quem sabe. Eu não sei.
Ou sei?
Sim, talvez seja ego.
Ser vista, ser reconhecida.
Ajudar alguém?
Também.
Gostava que fosse esse o propósito final. O ajudar.
Mas acho que não é.
Ou
Não é mesmo.
É egoísta.
É egocêntrico.
Ego.
Eu.
Mais uma vez, eu.
Acho que sempre fui egocêntrica, mas de uma forma velada.
Pensando bem, sempre fui assim.
Eu, eu quero, eu sei, eu tenho.
Eu não sei, eu não consigo, eu não sou.
Sempre a pensar nos outros, a olhar para os outros, a olhar pelos outros, com o objectivo de que olhassem para mim.
Condição.
Eu ajudo porque quero ser ajudada.
Eu faço porque quero que me façam.
Eu sou porque quero que sejam.
Vida triste a de viver com condições.
Não em condições, mas com a condição de.
Mas agora assumo.
Eu.
Assumo-me.
Eu só quero pensar em mim.
Talvez assumindo o que realmente quero e sou seja verdadeira para com os outros.
Eu sou O Fim.
Sou Um Fim.
E depois desse fim, talvez seja mais empata, mais compaixão, mais ajuda, mas essencialmente e em essência, mais verdadeira.
Sem condições.
Não é os outros para chegar a mim.
Eu afirmo.
Eu.
Depois os outros.
Fim.
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