Queixinhas! Queixinhas!
Bom, na verdade só vim aqui porque não tenho ninguém a quem me queixar da vida.
Vim aqui porque falar só com os anjos mentalmente não é suficiente.
E escrever aos anjos dá -me a sensação que fica metade por escrever e demonstra o que sinto.
Por isso, aqui estou.
A escrever... Ao mundo... Como se fosse um amigo.
Decidi, meio que inicialmente, meio que inconscientemente, afastar-me das pessoas.
De algumas pessoas, para não dizer quase todas as pessoas.
Agora é deliberado.
Sei que me ajudaram quando não estava bem, ou não me ajudaram tanto como estava à espera, ou talvez não estivesse preparada para receber ajuda.
Ok, não me senti tão apoiada quanto isso.
E fui apoiada por outras pessoas de quem não estava à espera.
Isso fez com que, quando me sentisse melhor, me quisesse afastar.
Não por elas, por mim.
Não é um sentimento de ingratidão pela ajuda prestada, mas senti que agora que me sinto bem percebi que estávamos na mesma vibração.
Do queixume, da vitimização, do julgamento, do criticar.
Porra, não me queria voltar a sentir assim.
Agora que até estou bem, sempre que estava com alguém assim, eu absorvia novamente aquela energia.
Eu sei, tenho de me proteger melhor.
Ou não!
Se eu me afastar delas, não absorvo, logo, continuo bem.
Mas!...
Eis que dei um tropeço por aqui, comigo própria, não com mais ninguém e o que me apetece mesmo mesmo mesmo é voltar a estar com essas pessoas para me queixar da vida, para resmungar da vida, falar mal, darem-me razão.
Não quero falar com algumas pessoas novas que conheci porque sei que não vão compreender ou vão-me dar nas orelhas...
E sim, também estou a pensar no que é que elas vão pensar de mim.
No fundo no fundo, nem sequer tenho vontade de desabafar com elas.
Então, fiquei neste impasse:
Não tenho vontade nem quero falar com pessoais antigas porque é sentir-me ainda pior, não que elas me vão fazer sentir pior, eu é que sinto que falar não vai resolver nada.
Elas não vão resolver nada por mim. Elas não vão resolver a minha vida por mim.
Também não tenho vontade, na verdade até tenho, mas vão sugerir uma limpeza, uma terapia, vamos falar, podem-me ajudar.
Mas a conclusão é a mesma:
Não vão resolver a minha vida por mim.
Então fico-me por aqui, a querer resmungar mas a não ter ninguém com quem resmungar, porque eu sei que se falar não vai resolver nada por mim.
Tendo também a adição de que elas podem ficar preocupadas comigo. Acho que não há problema em ficarem preocupadas comigo, é bom sentir-mo-nos apoiados. No entanto, por outro lado, vão ficar preocupadas com uma vida que não é a delas. Vão parar a vida delas por minha causa.
Claro, os amigos são para isso, mas esta foi a conclusão a que cheguei para mim própria:
Os outros queixam-se a mim, eu preocupo-me, quero ajudar a resolver, não resolvo ou pouco resolvo, elas acabam a levar com a vida delas para a frente e eu fico na merda porque fiquei preocupada e a pessoa já está noutra.
Perdi o meu tempo a tentar ajudar e a ficar preocupada para nada.
Eu não quero que os outros se sintam assim.
É assim, eu não tenho poder nenhum sobre elas ou sobre as escolhas delas.
Também não me estou a desvalorizar por achar que os meus problemas são menores e que não tenho direito a que se preocupem comigo.
Mas a verdade é que a preocupação delas não vai resolver a minha vida.
Eu queixar-me não vai resolver a minha vida.
Acho que o facto de escrever para aqui ajuda um pouco porque liberto e tento encontrar soluções.
Ou mesmo que não encontre soluções, abro espaço para nós entretantos aparecerem soluções.
Sem contar a minha vida a ninguém, sem chatear ninguém e percebendo-me um pouco mais a cada dia que passa.
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