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A mostrar mensagens de julho, 2022

Escondido

Eu penso que me falta qualquer coisa para ir mais fundo. Há aqui qualquer coisa que não me está a deixar ir lá em baixo. Sempre que penso na minha vida, no que passei, no que não passei, no que senti ou não senti, o que fiz ou não fiz, o que fizeram ou não fizeram, encontro 1001 razões, justificações, racionalizações. "Isto acontece agora porque vem do passado uma vez que me aconteceu isto, aquilo e o outro". Racionalizo o que se passa agora com o que me aconteceu no passado. E está tudo certo já que nós somos (também) o resultado do nosso passado. Mas há qualquer coisa que falha. Já encontrei saídas, aberturas, correspondências com o medo. Do medo saltei para a vergonha. Percebi que toda a minha vida foi regida pela vergonha e que a vergonha fez ter medo de tudo e todos. Mas há algo mais fundo do que a vergonha. Algo mais fundo do que o meu passado. Algo mais profundo. Escondido.

Telemóvel e casa de banho

Combinações perfeitas para fugir do mundo: Telemóvel e casa de banho. Mesmo que a casa esteja a arder, ninguém te chateia porque estás na casa de banho. Quando era miúda punha-me a ler os rótulos dos produtos que lá estavam, agora em adulta o telemóvel é perfeito. Na impossibilidade de fugir efectivamente... Casa de banho. Há um silêncio qualquer inerente quando pego no telemóvel. Nada mais existe. Um som frio e silencioso.

Demasiada negatividade numa só mente

O que escrever quando a vontade de escrever é zero? Vazio de mente mas cheio de pensamentos. Cheio de sentimentos negativos a pairar. Quero parar? Para quê?

Lamento, mas a maternidade é uma merda

Não é pelo bebé em si que sinto que a maternidade é uma merda. Na verdade, é o bebé que me mantém à tona. É tudo o que vem daí. Eu já sabia que ia ser difícil. Já sabia que ia ser duro  Já sabia que me ia sentir sozinha. Já sabia que não ia dormir. Já sabia que não iria haver descanso. Mas não esperava que fosse desta maneira. De facto, até estava à espera que fosse o inverso de tudo o que disse anteriormente.  É, a esperança é a última a morrer. E depois da esperança vem o quê? Dias cheios de rotinas, sempre iguais. Quando não são iguais, são igualmente dramáticos porque não sei como se irá repercutir na noite. Sozinha de dia. Sozinha de noite. Se quero companhia tenho de fazer por isso. Sei que assim é. Sei que é assim que tem de ser. Se eu quero, sou eu que mudo. Mas sabia bem um esforço da outra parte. O pior da maternidade é a solidão mesmo acompanhada. O outro até pode fazer alguma coisa mas parece que não é suficiente. Ajuda, apoio, companhia são os mínimos indispensáve...

Injusto

Sinto-me terrivelmente só. Mesmo rodeada de algumas pessoas, sinto-me só. Falo com elas, fico contente. Fico contente por saber delas e fico contente por falar. Falar com pessoas. Não com crianças. Não para um ecrã. Pessoas adultas. Sabe bem. Na altura. Mas quando volto a mim, sinto um vazio. Sinto o vazio. De que serviu falar? Gosto de uma companhia genuína. Gosto de falar com continuidade. Não é sabendo que passado uns minutos relembro toda a solitude que senti e sinto. Tenho vergonha de falar, por isso digo que gosto mais de ouvir que falar. Mas quando falo parece que é demasiado apressado, não digo tudo o que gostaria de dizer. A boca abre-se e fala e eu vejo-me a falar nada do que queria, mas falo como se não falasse há 1000 anos. Será injusto dizer que me sinto sozinha mesmo estando acompanhada?

Escrever um livro

Acho que já estou farta de dizer que quero escrever um livro. A questão que se coloca (que me coloco) é: PORQUÊ? Não sei, já há uns bons meses que tenho esse desejo (esse sonho?). Tenho muitas ideias, muitos começos, até inicio um textozito manhoso, só que, obviamente e como sempre, nunca dou continuidade. Nos entretantos, vejo pessoas à minha volta a escrever livros. Vejo pessoas, conhecidas e desconhecidas, que escrevem sobre os temas que tenho em mente. Vejo pessoas que escrevem e a gramática nem é por aí além. Tenho estes bloqueios: Quero escrever um livro, uma coisa diferente, original, mas parece que toda a gente teve a mesma ideia. Quero escrever mas parecem-me coisas curtas que despacho numa página ou duas. Quero escrever sobre um tema mas outros já escreveram sobre esse preciso tema. Quero escrever mas tenho medo de não ser fluida e fluente o suficientes, com uma gramática excepcional e um vocabulário soberbo. Então acabo por não escrever nada. Vejo outros a realizarem o meu s...

Sestas

Tantos meses a maldizer as sestas. Sestas infinitas em cima de mim. Horas de espera. Horas a entreter-me ao telemóvel à espera que acordasses. À espera também que não acordasses porque o adormecer era infinito. Horas a adormecer ao colo. Em prantos. A abanar. Com shhhhhh. Com agachamentos. Em 1000 posições. A adormecer contigo. A não conseguir adormecer contigo mesmo eu estando de rastos. Horas no claro. Horas no escuro. Diretas no sofá a ver o Big Brother. Sentada. Deitada. Tão leve e tão pesada. Segundos que pareciam dias. Dias que pareciam meses. Inventar para que o dia passasse mais depressa. Choro. Mais choro. Gritos. Mais horas a tentar adormecer. Horas a andar de carro para aliviar as tuas dores, as minhas dores. Dores nos pulsos. Dores nas costas. Dores nas pernas. Dores nos joelhos. Dor na alma. Dor no tempo. E agora, falta 1 mês. 1 mês para a creche. Deveria, no mínimo, habituar-te a adormeceres ao colo e a colocar-te na tua cama. Vamos de férias, quero passear, quero sair, a...

BLivro

Nova palavra. BLivro. Porque é que só me lembrei disto agora? Devia ter tido esta ideia quando iniciei este blog. BLivro. Blog+Livro. As crónicas de um livro. As crónicas de um blog transformado em livro. As crónicas de uma mente anunciada. Bom, é uma boa nova palavra.

Silêncio

Sabe tão bem o silêncio. Depois de muito barulho, quando acaba é uma sensação tão cheia. O vazio ecoa à minha volta. Apetece fechar os olhos. Absorver. Fundir-me com o silêncio. Evaporar. Evaporar-me.

Mundo externo vs. Mundo interno

O que é o melhor para mim? O que é que eu gosto mais? Do que é que eu gosto? Viajar ou escrever? Sair ou ficar em casa? Liberdade em casa ou presa na rua? Porque é que não posso gostar de ambos? Porque é que eu tenho que gostar de algum? Qual é que é aquele que é intrínseco a mim? Gosto de estar no meu canto, no meu mundo, mas fizeram-me crer que é melhor viajar, sair, estar na rua? Penso que sim. E penso que não. E gosto de estar no meu mundo porque eu quero ou é porque me faz sentir confortável? Lembro-me de quando era miúda querer sair mas tinha medo, ficava um pouco na rua mas queria regressar com medo que alguma coisa má me pudesse acontecer. Recordo-me deste medo, de querer voltar para casa porque assim estaria protegida pelos meus pais. Depois dizia que era mais caseira, que não me apetecia sair, só que no fundo, no fundo, tinha medo de sair sem os meus pais. Tenho a sensação de que antes da primária era uma miúda destemida, que corria, que se aventurava, que mexia em tudo, curi...

Um pensamento velado

Será que um dia alguém me vai ler? Alguém ou alguéns? Gostava. Gostava de ser lida. Não para não ser a única. Por ego? Quem sabe. Eu não sei. Ou sei? Sim, talvez seja ego. Ser vista, ser reconhecida. Ajudar alguém? Também. Gostava que fosse esse o propósito final. O ajudar. Mas acho que não é. Ou Não é mesmo. É egoísta. É egocêntrico. Ego. Eu. Mais uma vez, eu. Acho que sempre fui egocêntrica, mas de uma forma velada. Pensando bem, sempre fui assim. Eu, eu quero, eu sei, eu tenho. Eu não sei, eu não consigo, eu não sou. Sempre a pensar nos outros, a olhar para os outros, a olhar pelos outros, com o objectivo de que olhassem para mim. Condição. Eu ajudo porque quero ser ajudada. Eu faço porque quero que me façam. Eu sou porque quero que sejam. Vida triste a de viver com condições. Não em condições, mas com a condição de. Mas agora assumo. Eu. Assumo-me. Eu só quero pensar em mim. Talvez assumindo o que realmente quero e sou seja verdadeira para com os outros. Eu sou O Fim. Sou Um Fim. E...

Rascunhos

Isto é um blog. E, supostamente, para manter vivo um blog e manter os leitores interessados, deveria escrever uma publicação por dia. Não estou a conseguir. Tenho tantos rascunhos, tantas ideias, tanta coisa para deitar cá para fora (que pode ou não ser interessante, o que, na verdade, não me interessa) que quero (preciso?) publicar mais por dia. E se alguém ler e saltar publicações? Não faz mal, já que estes podem ou não ter ligação, podem ou não ter seguimento. Um texto pode tocar o coração de alguém mas outro texto pode nem sequer ter nada a ver. Preciso é de escrever. E se escrever tudo num só dia e tiver dias em que o blog fica vazio? Deveria ter um rascunho ou outro para colmatar esses dias de vácuo escriturário. Nem que fosse uma frase. Pois, talvez devesse. Mas não tenho. Este não é um blog para as pessoas. É para mim. É para me esvaziar. Não é para entreter. É para me aprofundar. Para me conhecer? Para ver o mundo. Sem sair de casa?  Sem ser extrovertida? Dentro de um tele...

Sobreviver

Quase 39 anos e quase 2 anos a sobreviver (fora os outros 37). Dizem-me que a dor não é demasiado profunda porque se fosse já me teria mexido. Acordo cansada, mesmo tendo dormido. Acordo sem vontade. Acordo com sono, mesmo tendo dormido bastantes horas seguidas. Sair à rua, passear, apanhar sol. Com que objectivo? Sinto-me na mesma. Só. Só, mesmo acompanhada. Quero falar, quero desabafar, quero gritar, quero espernear, quero dizer tudo o que está entalado, quero ficar chateada, irritada, possessa, furibunda, histérica. Não sinto que possa. Mesmo em casa que é onde nós deveríamos sentir à vontade. Não posso porque me rejeitam, porque não posso ser assim, porque não tenho o direito de me sentir assim. Só me posso sentir bem. Feliz. Em paz. Não me sinto em paz. Sinto-me parada com um sorriso no rosto para que a família se sinta bem. Não sabem. Não conseguem lidar com a tristeza. Com a raiva. Com o ódio. Não sabem. E eu também não sei lidar. Deixo-me estar. Dizem-me que a dor não é demasia...

Auto-ódio

Não sei se esta palavra existe, mas a maior parte das vezes, dos dias, das horas, sinto ódio de mim mesma. Ódio por bloquear. Ódio por ser como sou. Ódio por ver as coisas a acontecerem à minha frente e fico, feita parva, a olhar sem responder, sem falar, sem reagir, nada. E o pior é que se está a transferir para o bebé. Vejo que lhe estão a dar um gelado para a boca mesmo eu tendo dito para não fazer e eu congelo. Eu congelo. Sou estúpida mesmo. Ódio.

Pena

O meu pai. O meu herói. Por pior que fosse, por pior que fizesse (e faz) foi (é) sempre o meu herói. Retrógrado, fasciszóide, perfeccionista, exigente, machista, agressivo, brincalhão, conta piadas que não teem piada e ainda as explica.  Relação extremamente tóxica com a minha mãe. Sim, tudo isso e, ainda assim, herói. Como assim? Não sei. Tenho pena do meu pai. Desde que me lembro de ser gente que tenho pena dele. E, que por causa dele, tinha pena de todos os homens. Podiam ser umas bestas, agressivos, tóxicos, maus, doentes e, contudo, (in)dignos de pena. Pena porque apesar de tudo dependem das mulheres. Batem nas mulheres, humilham as mulheres, objectificam as mulheres, inferiorizam as mulheres... Mas não sabem viver sem as mulheres. Sobrevivem à conta das mulheres. Apesar da relação dos meus pais ser extremamente conturbada nunca quis que se separassem. Queria a família unida, não queria ter de dividir a vida, escolher alguém, começar tudo de novo. Como faríamos no Natal, Ano N...

Raiva

Raiva. É o que sinto em relação à minha mãe. Triste? Sim. Mas é o que sinto. Pensei (pensei?) que com a maternidade me fizesse sentir mais ligada à minha mãe. Não o sinto. Rejeito. Rejeito-a. Ajuda-me? Sim. Com o melhor que sabe e pode? Também sim. Mas há todo um interior que acha que por mais que faça nunca me irá suprir ou nutrir. Parece que me está constantemente a dever. A dever o quê? Do quê? De me ter roubado uma infância calma, serena... Uma infância... só uma infância. Há alguma coisa que possa fazer hoje para colmatar todo um passado? Talvez... Pedir-me desculpa ou perdão por tudo o que nos fez passar? Me fez passar? Mas um pedido de desculpas sincero, não um "desculpa lá qualquer coisa", um pedido de desculpas por descargo de consciência, um sacodir a água do capote. Mas não, ela está sempre certa, ela fez tudo bem, ela é a maior. E a verdade é essa mesma, ela fez de facto o melhor que pôde na altura com aquilo que sabia. Eu é que ainda não aceitei. Parece que a que...

Companhia

Será que custa muito fazer companhia? Só estar ali? Em presença? "Não estou aqui a fazer nada.". Para um bebé talvez não, mas e para mim? Eu já não conto? Com um bebé a chorar, a mamã também chora por dentro. Há alguém que veja? Que sinta? E que, principalmente, não se sinta incomodado e apoie? Não se sinta incomodado e não negue aquilo que a mamã sente? Se a mamã sente é porque sente. Se é muito, se é pouco, não interessa, não é o outro que sente, é ela... Sou Eu. Soueu.

Tema de conversa

Há mais um tema de conversa pelo qual eu gostaria de falar com as pessoas (se eu tivesse pessoas com quem falasse): o blog. Aliás, estou a ser injusta. Eu tenho pessoas com quem falar, eu é que, se calhar, não estou muito interessada em partilhar. Ou até estaria se sentisse que gostariam de me ouvir. Se calhar até me gostariam de ouvir, eu é que, neste momento, não sinto isso. Bom, continuando. Para além do tema de conversa "filhos" e "trabalho", gostava de falar sobre este blog às pessoas. Sim, o blog está-me a dar pica para escrever. Gosto de escrever. Acho piada. Ok, nem é tanto achar piada, é mais na onda do desabafo. O desabafo leva a ter uma linha de raciocínio, que leva a algum tipo de explicação, que leva a uma exploração mais a fundo, que leva a ter certos insights. Gosto destas tomadas de consciência e gostaria de partilhar isso com o mundo. Partilhar o meu mundo. E talvez o meu mundo não seja o único. O problema é que o desabafo é isso mesmo. Um desabafo ...

Mães

Eu agora já percebo as mães. Excepto a minha. Ou, se calhar, incluindo a minha. Ainda não compreendi muito bem porque é que eu consigo compreender tudo e todos (e agora também as mães) e não consigo aceitar/compreender/entender a minha mãe. Talvez por ser demasiado próxima de mim? Talvez por eu estar à espera de um amor idílico/ incondicional que nunca tive (ou, pelo menos, não tive essa percepção)? Talvez por tê-la colocado num pedestal e eu estivesse sempre à espera que nunca falhasse, que fosse perfeita? Mas eu sempre a vi imperfeita, com todos os seus defeitos e mais alguns. Talvez estivesse à espera que, sendo minha mãe, fosse melhor que todas as outras? Talvez por ela se achar a melhor mãe do mundo quando, para mim, estava muito longe disso? Não sei responder.  Esta questão terá de ficar para outras núpcias (sim, vou empurrar o problema com a barriga). Onde eu queria chegar era: Eu agora já percebo as mães. Eu já entendia, mas agora é noutro nível. Sempre achei que as mães só...

Eternidade num segundo

Quando páras o que quer que estejas a fazer e olhas muito séria e durante, o que parece, uma eternidade num segundo para mim, para o mais profundo de mim... ... O que é que estarás a pensar?

Culpa e Justificação

Sinto-me constantemente culpada. Se fiz, é porque fiz. Se não fiz, é porque não fiz. Se sou assim, não devia ser assim e deveria ser assado. Se não sou assim, porque é que não mudo. Devia fazer assim. Não devia fazer assado. Tenho algo mas deveria explicar porque é que tenho esse algo. Gasto dinheiro? Mas deveria explicar porque é que o gastei. É culpa e explicação. A Explicação, a justificação, andam de mãos dadas com a culpa. É uma constante da vida justificar a minha vida a quem não tem nada a ver com o assunto. Normalmente falo tão pouco e quando não deveria falar é quando falo demais. Lá está, a culpa de não falar na hora certa ou falar demais na hora errada. Há explicação para isto?

Pensar sobre o que os outros pensam

Eu penso. Estou constantemente a pensar. Às até me canso de tanto pensar. Às vezes até fico farta de tanto pensar. Às vezes são pensamentos obsessivos e às vezes são pensamentos que me assolam quando menos espero. E, para ajudar ainda mais à festa, estou sempre a pensar no que é que os outros pensam. E, mais do que isso, penso no que é que pensam sobre mim. Aqui fica a questão: Será que os outros pensam assim tanto em mim? Teem-me assim em tão alta conta? Não me parece. E agora dizer isto ao meu cérebro?

Bloqueio por excesso

Já se sentiram bloqueados por quererem fazer tanta coisa que, no fim, acabam por não fazer nada? Pois bem, assim sempre se regeu a minha vida e após um bloqueio de vazio, de nada, que durou mais de 1 ano e meio, voltei a senti-lo. Acho que existem 2 tipos de bloqueios. O bloqueio que nos paralisa. O medo das escolhas. O não ter ideias. Não ter vontade. Não ter motivação. É a vida estagnada como os links no cimo do poço. E há o bloqueio de querer fazer tanta coisa que uma pessoa se sente assoberbada e acaba por não fazer nada. Qualquer que seja o tipo de bloqueio a convergência é só uma: falta de acção. E falta de acção por medo de escolha. Gostava de escolher mas e se eu não gosto? E... Se os outros não gostam? É lixado pensar sobre o que os outros pensam.

Segundo filho

Antes de mais, uma pergunta que me tem assolado há algum tempo: PORQUE É QUE TEMOS FILHOS? É por intuição? É por amor? Mas amor a quem? Ao filho que aí vem?  É porque quero ter um filho do meu marido/companheiro? É por mim, que tenho tanto amor para dar que faz todo o sentido partilhá-lo com um filho? Dar continuidade à família? Espécie? Prole? Dar uma educação diferente daquela que recebi dos meus pais? (E isso não é um bocado egoísta, querer ter um filho para fazer diferente dos pais?) E se o filho, por ventura, quiser a mesma forma de educação que eu tive? Eu posso não ter gostado, no entanto, ele pode querer. E SE O INÍCIO DA EXPERIÊNCIA DE UM PRIMEIRO FILHO NÃO É ASSIM TÃO BOA, PORQUE É QUE TEMOS UM SEGUNDO FILHO? É com esperança que ele seja diferente? É como forma de ter uma segunda oportunidade de ter um parto como deve ser? É porque como já sabemos como é que as coisas são, então também já sabemos como reagir? De qualquer forma, já são dois filhos, e mesmo tendo a experiên...

O que falta?

Não sei o que mais faça. Estou com ela. Não a deixo chorar sozinha. Tento compreender. Dou colo. Dou amor. Dou-lhe riso. Tento estar o mais próxima possível. Tento fazer com que não se sinta rejeitada. Tento fazer com que não se sinta sozinha. Tento fazer com que não chore sozinha. Tento cumprir com as rotinas ao máximo (e eu não gosto de rotinas). Tento dar-lhe tudo o que tenho e até o que não tenho. Sinto-me sugada. Sinto que tento tudo, penso em tudo. Tento fazê-la sentir-se bem. O que falta?

Trabalho

Desde quando é que o trabalho é mais importante do que a família? A partir de que ano, década, século, Era, se começou a instituir que o trabalho é mais importante que tudo o resto? Dá dinheiro? Dá? É preciso dinheiro? Hoje em dia, nesta sociedade, sim, é. Mas chegando aos 40, 50 anos (já nem digo velhice) e pensando para trás... O que é que se fez a não ser trabalho? É isso que nos define? Mas também é a família que nos define? Não. Será que é uma crença o facto de achar que a família é mais importante? Pode ser. De facto, eu não sou todas as pessoas e todas as outras pessoas teem a sua hierarquia de valores. Se calhar o que eu quero mesmo é só um pouco de atenção. Os outros também podem querer atenção, no entanto, neste momento só consigo pensar em mim e no que eu quero. É egoísmo? Talvez. Mas não sou eu a pessoa mais importante da minha vida? Sim, sou. Gostava de sentir mais empatia pelos outros, como sempre fiz até aqui? Gostava, mas agora, com o cansaço acumulado, a privação de so...

Perdão

Perdão bebé, por nem sempre te ter compreendido Perdão bebé, por nem sempre conseguir perceber o significado do teu choro Perdão bebé, por não perceber o que queres à primeira Perdão bebé, por tudo aquilo que te fiz passar Perdão bebé, por não te conseguir ajudar da melhor forma Perdão bebé, por todas as coisas más que pensei de ti Perdão bebé, por todas as más emoções que tive de ti Perdão bebé, por tudo o que pensei em fazer-te só para te calar um bocadinho e ter um bocadinho de silêncio Perdão bebé, por ter dito que estava farta de ti Perdão bebé, por ter dito que não aguentava mais aquela situação e não querer mais ser tua mamã  Perdão bebé, por por 2 vezes te ter abanado mais do que o suposto Perdão bebé, por te ter apertado 1 vez no meu colo mais do que o suposto Perdão bebé, por te fazer sofrer Perdão bebé, por todas as vezes que queria desistir da vida  Perdão bebé, por todas as vezes que queria desistir de ti e abandonar-te Perdão bebé, por, por vezes, achar que não q...

Tempo

Neste momento, preciso de tempo para: - Tratar da casa - limpar, varrer, aspirar e lavar o chão - lavar WC - Tratar da roupa - Pôr roupa a lavar - Estender - Tirar a roupa do estendal - Dobrar - Arrumar - Fazer camas de lavado - Separar a roupa para levar à engomadoria - Fazer máquina da louça - Arrumar louça - Limpar o pó - Cozinhar - Deitar o lixo fora - Ainda falta montar uma móveis  - Organizar o quarto da criança  - Tratar de uma criança - Ainda não faz as sestas sozinha - Não aguenta muito tempo sozinha a brincar - Trocar fralda - Trocar roupa - Trocar roupa quando está toda suja de cocó ou de comida - Ter cuidado para não sujar mais enquanto é trocada - Lavar a roupa de bebé à mão (ou tentar tirar o maior) - Dar banho - Lidar com o sono noturno - Lidar com o choro - Dar mama - Passear com ele para dar uma folga na sesta e porque precisa apanhar sol, ver luz do dia e a natureza para dormir melhor à noite - Tratar da introdução alimentar - Ter atenção às rotinas e horário...