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A mostrar mensagens de agosto, 2022

Escolhas de almas

Porque é que me escolheste para mãe? Eu pedi-te assim tanto e tu acedeste? Tiveste assim tanta pena que te resignaste? Resignaste-te? Acedeste? Porque é que me escolheste, querias sofrer tanto? Na leitura de aura disseram-me que vieste cá trabalhar o abandono, que foste abandonado noutras vidas e vens aqui curar isso. Mas eu tenho a sensação que te abandono constantemente. Era isso que querias? Todos os dias penso no abandono. Todos os dias penso que te abandono. Todos os dias penso que te quero abandonar. Todos os dias penso que não te quero abandonar. Porque é que me escolheste? Devias ter escolhido uma mãe mais paciente, mais capaz, que percebesse as tuas necessidades, que estivesse sempre disponível, que não te quisesse colocar numa creche e criar-te 24x7. Tu mereces isso. Tu mereces que te acolham. Tu mereces ser criança. Tu mereces ser tratada como uma criança. Tu mereces todo o amor do mundo. Porque é que me escolheste? Eu queria tanto ser mãe mas não estava à espera que fosse d...

Vergonha #2

Por vezes releio o que escrevo aqui. E, meu Deus, que vergonha. "Eu escrevi aquilo?" "A sério, que drama." "Que vergonha." Quem é que vai ler isto? Porque é que eu escrevi isto? Não foi assim tão horrível. O que é que as pessoas vão dizer, quando lerem (se lerem)? Que tristeza. Mas isto vai ser útil para alguém? O que é que ganho (ganhei) com isto? São apenas desabafos, vómitos de dias e noites mal dormidos, mas é estranho ler-me. Disse demasiadas coisas, revelei demasiado, mas precisava deitar cá para fora. Faz sentido agora? Não. Ainda faz sentido? Ainda é muito recente, por isso, sim. Não posso desvalorizar ou diminuir o que senti mas que vergonha ao reler-me. Não voltes ao lugar onde foste feliz, ou, neste caso, onde foste infeliz. E é verdade.

Estado de alerta

Eu devo ter um problema qualquer mental. Quase 3h da manhã. Bebé finalmente a dormir com o pai (provavelmente no colo). Eu podia ir dormir, descansar, fechar os olhos, mas não, aqui estou eu, acordadíssima a escrever e a ver redes sociais. Não consigo sair do banco da cozinha. É só levantar. Não vou para o quarto, não quero acordar, vou para a sala. Mas não vou. Estado de alerta? Culpa? Sim, culpa. Do meu comportamento. Culpo os outros por não me terem avisado que iria ser assim. O mais provável, como tenho constatado, é que me tenham avisado, eu é que na minha soberba, não ouvi. Mas ninguém tem culpa, eu é que sou a responsável por este bebé.  Agora. Eu é que tenho de suprir as necessidades dele. No agora. Não interessa se os outros avisaram ou não, já estou neste barco, tenho de arcar com as consequências. Eu sou o cérebro adulto. Eu é que tenho de perceber o que fazer. Os outros só estão de passagem. Como é que o bebé vai confiar em mim se eu largo-o na primeira dificuldade? Eu ...

Mas afinal, o que é que tu queres?

A sério, o que é que tu queres? Dou-te colo, dou-te mama, estás na caminha. Fico estatelada na cama, imóvel para dormires e não caíres de de cima de mim. E não dormes. Simplesmente, não dormes. Choras. Muito. Estou deitada contigo desde as 18.30, não jantei. Aguentei a fome, dó-me o estômago, e a vontade de ir à casa de banho. Imóvel. Para que não acordasses. Não dá. Não aguento. Será que és o único assim? O que falta fazer? Não sei o que fazer. Preciso dormir. Tu precisas dormir. Depois de 2 meses de relativa rotina e estabilidade... Eu esperava 40min imóvel contigo no colo, eu deitada, e deitava-te na tua caminha e ficavas. Só acordavas umas 2 vezes. Onde é que eu errei? Foram as férias? Foram os colos infinitos de pessoas desconhecidas? Foram as festas? Foram as saídas de rotina? É a regressão dos 9 meses? São os dentes? Por favor, diz-me o que fazer para tu não chorares, sentires-te bem, não te sentires exausto do sono e dormires. Só dormires.

O que é que vai acontecer aos meus pais?

E eu estou a escrever isto tudo, estou a escrever sobre os meus pais, e se eles lerem o que é que vão pensar? Toda a minha vida foi pautado por isto: sobre o que é que os meus pais iriam pensar. Ou melhor, o que é que vai acontecer aos meus pais se lerem isto. E isto sim foi toda a minha vida: O que é que vai acontecer aos meus pais se eu fizer X, se eu disser Y, se eu escrever Z? "O que é que vai acontecer aos meus pais?". Como se eu achasse que a minha mãe se fosse suicidar ou o meu pai nos fosse abandonar. E este sim, foi sempre o meu pensamento: A minha mãe suicida-se e o meu pai abandona-nos.

Incapaz

 Voltando um pouco atrás. Eu sempre fiz as coisas por mim, mesmo contrafeita fazia sozinha. Fazia as coisas sozinha mas contrafeita porque sabia bem que houvesse alguém que as fizesse por mim. Como a princesa que gostava de ser salva pelo príncipe encantado. Recuando até um pouco mais, a minha avó sempre me chamou de freira. E olhando bem, os meus pais faziam tudo por mim. Cozinhavam, limpavam, faziam-me alguns trabalhos de casa (lembro-me do meu pai fazer uma rosa dos ventos), quando eu estava doente falavam por mim. Sempre que havia algo mais difícil eles faziam por mim. Sempre que havia alguma dificuldade eles estavam lá. Eu nem precisava dizer nada. Eu acho que chegou a um ponto em que eles assumiam que eu não conseguia. Ou não conseguia à maneira deles. Ou não conseguia na rapidez deles. Na altura sabia-me bem, agora sinto-me uma incapaz. Sinto-me uma incapaz. Ainda hoje, a tratar do meu bebé, mesmo fazendo sinto que preciso de ajuda do meu companheiro. Ou sinto que o meu comp...

Vida

Continuando o capítulo anterior. Preciso de ser responsável pela minha própria vida mas isso é tão difícil e nada cómodo. Como posso ser responsável pela minha própria vida se durante todos estes anos chutei as culpas para os outros. É muito fácil, muito cómodo culpar os outros, tira-me a responsabilidade. Não preciso de fazer nada. Aliás, não faço nada. Limito-me a culpar e isso ajuda-me a não agir. Engraçado que eu ajo, e agia, muito em função dos outros. Mas agora com outra consciência de que tenho de ser responsável por mim mesma, não por mais ninguém, não pelos meus pais, não pelo meu irmão, não pelo meu companheiro, não pelo meu filho é muito estranho. Estranho é a palavra correcta porque eu fiz tudo por causa dos outros. Claro que fazia coisas por mim mas sempre à espera da valorização dos outros. Agora, ser responsável por mim, de mim para mim, sem depender de ninguém...

Libertar os pais

Preciso largar os meus pais. Preciso libertar os meus pais de mim. Eles têm a vida deles e eu tenho a minha. Enquanto eu continuar a culpá-los de tudo o que me acontece nunca vou sair daqui. Tenho quase 40 anos e ainda culpo os meus pais como se fosse uma criança de 4. Eu sei que eles fizeram o melhor que podiam. Eu sei que fui eu que escolhi os meus pais. Se os escolhi foi porque achei que eles me dariam a melhor experiência para eu seguir a minha jornada de Alma. Mas estou sempre a culpá-los. A vida não é perfeita. Se eu tivesse outros pais a minha vida não seria igualmente perfeita. Teria sempre desafios, discussões, coisas feias e más. Mas há tantas famílias que não tiveram o que tive e são tão mais felizes. Estou sempre a olhar para os outros. Eu não sei o que se passa dentro de cada família. Vejo só o que é belo nos outros e sinto vergonha dos meus. A questão é que não há famílias perfeitas, todas têm os seus desafios, podem é ser mais velados. A coisa boa dos meus pais é que com...

Perfeita

 O que é que eu pretendo ao escrever isto tudo? Pretendo limpar, melhorar, não repetir padrões, não passar para as gerações seguintes toda esta história, todos os estes padrões. Não quero passar para o meu bebé o que passei, quero que tenha a sua própria história sem que de mim dependa, sem que leve com esta bagagem, quero que tenha a sua própria bagagem. Não quero que tenha este peso às costas. Pretendo ser perfeita? Se eu limpar isto tudo o meu bebé vê-me como perfeita? A mãe perfeita. Tudo aquilo que a minha mãe não foi para mim. Limpar toda a minha negatividade para que sejam só rosas? Isso é impossível. Quero que o meu bebé me veja só positiva? Isso não é algo inalcançável? Será que o meu bebé ao ver que tento ser perfeita ele se sinta como eu me senti em relação à minha mãe? Sentia-me inferior, ou ela fazia-me sentir, consciente ou inconscientemente, inferior. Tudo o que ela fazia era bom ou melhor do que os outros. Não é isso também que lhe estou a transmitir? Eu não quero q...

Ónus

 Porque é que eu coloco sempre toda a responsabilidade de tudo o que me acontece na minha vida nos meus pais? Sinto-me completamente bloqueada e coloco sempre a culpa nos meus pais. Os meus pais até vivem longe de mim fisicamente! Eu até já pouco falo com eles! Ainda assim coloco toda a culpa neles. Todo o meu passado foi miserável. Tenho poucas lembranças boas. Na verdade, tenho boas lembranças mas vêm sempre acopladas com discussões a seguir. Existiam poucos dias seguidos de boa aventurança. E agora estou a fazer o mesmo com a minha família. Não passam muitos dias sem que eu não discuta. Não passam muitos dias sem que eu não arranje uma porcaria qualquer para me chatear. Padrões. Estou a repetir o padrão. Tudo aquilo que eu dizia que não queria fazer... estou a fazer. Quando vou a ver, estou a discutir. Mas o outro também provoca,  não faz o que digo, não faz as coisas como eu penso ou como eu acho que deveria fazer. "Provocar", uma palavra muito usada na minha infância. E ...

Vergonha - parte 1

 Definição de vergonha: vergonha vergonha  |  n. f.  |  n. f. pl. ver·go·nha   |ô| ( latim   verecundia ,  -ae ) nome feminino 1.  Pudor ;  pejo . 2.  Opróbrio . 3.  Rubor   das   faces   causado   pelo   pejo . 4.  Timidez ;  embaraço ;  acanhamento . 5.  Receio   de   desonra . "vergonha" , in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021,  https://dicionario.priberam.org/vergonha  [consultado em 14-08-2022]. Tenho muito a falar sobre a vergonha. Toda a minha vida foi pautada pela vergonha. Vergonha de mim, vergonha do meu corpo, vergonho do que faço ou deixo de fazer. Mas agora quero falar de vergonha externa. Sempre tive vergonha da minha mãe. Não sei explicar porquê. Desde que me lembro que tenho vergonha dela. A minha mãe sempre me disse, ou sempre me incutiu, de que nunca a ouvia. Não sei se é bem verdade, nunca o saberei a não ser que faça...

Parto - parte 1

Este texto vai ser dividido em algumas partes. (Se bem que na verdade vamos ver onde vai dar). Esta parte consiste num relato não tão pessoal, mais factual. A parte seguinte será sobre o que queria, o que deveria ter feito. Há 7 meses e meio que ando a remoer o que devia ou não devia ter feito naquele dia. Eu sei, já nada pode ser feito, já nada pode ser mudado mas tenho esperança que ao vomitar tudo o que está entalado na garganta, tudo o que digo (e disse) verbalmente sobre o que devia ou não fazer, tenho esperança, como dizia, de me libertar destes pensamentos intermináveis que me travam, que me bloqueiam. Tenho esperança também de libertar o meu bebé do "trauma" que teve. Escrevo com aspas porque não sei verdadeiramente se foi um trauma ou não para ele. Acredito que sim porque sempre que dispo ou visto uma camisola mais apertada e que tenha de passar pela cabeça é sempre um drama. Dá a sensação que deixa de ver, deixa de respirar. Deve ser assim com todos os bebés, mas eu...

Para quê mudar?

Queria tanto escrever, mas tenho tanta vergonha. Vergonha, essa maldita. Não deveria maldizer a vergonha. Até deveria bendizer. Porque é ela que me deveria impulsionar. Mas só me retrai. Só me bloqueia. Em consciência sei que me bloqueia e o que é que eu faço? Em consciência, nada. Tudo o que o cérebro faz, faz porque tem alguma recompensa. Será que eu não estou a ver recompensa nenhuma? Sinto-me desmoralizada. Por mais que saiba que é só uma fase, não consigo deixar de pensar assim, de me sentir assim. O que é que eu preciso para mudar?

Liberdade e Feminilidade

Era livre e não sabia. Até ter filhos tinha liberdade e não sabia. Sabia que a tinha, sabia que a podia usar mas não a sabia verdadeiramente. Há quem ache que ter filhos é libertador. Há quem ache que por ter filhos não tem de abdicar de nada. Há quem ache que mesmo com filhos se pode fazer tudo. Eu não acho. Eu não aceito. Estou a resistir muito a isto. Sinto revolta. Sinto-me presa. Mesmo podendo fazer coisas sinto-me presa. Pensamentos constantes na criança. Tudo é a criança. Todos os temas são sobre ela. Há mães que aceitam (ou se resignam?) que são só mães. Eu consigo aceitar que sou mãe, não consigo aceitar ser só mãe, mas quando faço algo extra-mãe não consigo, ou não tenho forças, ou não me apetece, ou faço com esforço e sem vontade. Arrasto-me pela vida. Arrasto-me a reboque da criança. Nem sequer sei explicar esta não vontade de nada. Quando fiz a minha primeira leitura de aura, o meu espírito disse-me que vim a esta vida aprender a ser livre como mulher e a ser mulher. Apren...

Empancado

E é isto. Novamente. Repete. Pela primeira vez, acordei a meio da noite com imensas ideias, levantei-me e disse: "Vou escrever o meu livro". Escrevi uma data de textos... Que estão em rescunho. E é agora que me estou a repetir: Não publiquei e não tenho vontade de publicar ou escrever mais. Não é bem vontade, é a questão de existir um seguimento e para continuar a escrever algo que faça sentido, preciso rever, editar e publicar o que escrevi. Quero continuar mas aqueles textos são duros, tanto para mim como para outros. E vem sempre a mesma conversa mental: Quem vai ler? Mas isto é interessante para alguém? Isto é só para expor pessoas? Lavar roupa suja em público? Não sinto isso, sinto que foram muitos anos na mesmice e preciso purgar, limpar, libertar aquilo de mim. Não para melhorar os outros ou mudar os outros, mas para me melhorar a mim. Melhorar também não é a palavra correcta, mudar também não. Talvez transformar. Nem para melhor nem para pior. Simplesmente transformar...

Seca

Sinto um ódio e uma raiva dentro de mim proporcionais à invisibilidade que sou. Li algures que a raiva são as lágrimas que não choramos. Dizem-nos que não podemos chorar, que não faz sentido tantos pensamentos negativos, que não faz sentido pensar em tantos pensamentos negativos, que a tristeza não leva a lado nenhum. Eu, que chorava por tudo e por nada. Chorava às escondidas, mas chorava. E hoje, tenho vontade de chorar, fico com lágrimas nos olhos, com um nó na garganta, mas não cai nada. Já não consigo chorar. Seca. Seca por dentro e por fora. Azeda. E agora percebo, quanto menos choro mais raiva tenho. Mais vontade de partir tudo tenho. Mais violência tenho dentro de mim. Mais violenta me sinto. No que é que eu me estou a tornar?

Egoísta

Disse tantas vezes, de mim para mim, que era egoísta, que houve alguém que materializou isso. Chamou-me egoísta. E foda-se. Não gostei. Chamaram-me de egoísta na única vez que disse que ia fazer uma coisa para mim. Que a bem da verdade nem é só para mim, é para mim e para a bebé. Nem para ser egoísta sou boa porque faço em prol dos outros. Eu sabia que a discussão ia descambar. Eu sabia que não era tão grave assim. Eu sabia que chegando a esse dia ia correr tudo bem. Mas descambou. Eu tentei voltar atrás. Mas chamaram-me de egoísta. Sim, estou armada em vítima e vou continuar até ao fim do texto. Saem às horas que querem. Chegam às horas que querem. Almoçam, jantam quando querem. Vão onde querem. Fazem o que querem.  Bebés a chorar? Não querem saber, os compromissos são mais importantes. Saem. Engraçado, que comigo, para sair a horas é um cabo dos trabalhos, mas para as suas coisinhas já tem de sair a horas. Continuando. Agora, no único dia que eu preciso de um carro, porque também...

Respostas

Escrevo neste blog na tentativa de ter respostas a todas as minha dúvidas, confusões, contusões, conturbações, perturbações, revoltas, indecisões, invejas, tristezas, ansiedades. Mas não obtenho respostas. Só ainda mais dúvidas. Ainda mais perguntas. Gostava de ter maior clareza em todas as minhas questões. Esperava que a escrita me ajudasse. Ajuda a vomitar tudo o que de negativo por cá anda. Mas não ajuda a ter soluções para o que sinto. Gostava de me sentir mais leve. Gostava de ter justificações para tudo o que sinto. Não tenho. Mas saber o porquê de tudo é muito cansativo. Saber o porquê de certas situações é bom, é positivo, ajuda a ultrapassar estas mesmas situações. Mas saber o porquê de tudo? Acho que é tão cansativo querer saber o porquê de tudo como o não saber o porquê de nada.

Revolta

Porque é que eu fico revoltada com coisas, situações, pessoas, ideias que não me dizem respeito? Porque é que eu tomo para mim as dores dos outros? Alguém me conta algo e eu fico revoltada por essa pessoa, como se a história fosse minha. Sinto as dores dessa pessoa. Fico a pensar tempos infinitos naquilo que a pessoa me relatou. Aquilo não me diz respeito. Eu não tenho de resolver nada. Aliás, normalmente nem há nada a resolver porque as coisas já aconteceram. A minha revolta, aquilo que eu vou sentir ou não não vai resolver nada. Então, porque é que eu perco tempo e energia em coisas que não são minhas? Eu digo isto, tento afastar-me mas depois quando lá chego, fico embrenhada na história, envolvo-me na história e quando vou a ver, já falei demais, já me envolvi demais, já me revoltei demais. Há forma de contornar isto? Talvez sim. É só estar atenta ao momento presente, estar com a pessoa e lembrar-me que eu também sou uma pessoa, que o que estou a ouvir não é meu e largar. E agora, e...

Boicote

Está a acontecer outra vez. Quero dar consultas. Quero dar o passo, o salto de fé. Tenho pessoas interessadas e que me procuram. E assim que dou o passo, que digo que sim, volta tudo atrás. Às pessoas voltam atrás. As coisas voltam atrás. Eu volto atrás. Quero fazer diferente do que fiz até aqui porque não tem resultado a 100%. Resulta mas não é algo profundo. Mas assim que dou o passo, acabou-se. Não sei se sou eu energética e inconscientemente que boicoto isto tudo ou se não é mesmo para fazer. Desde 2020 que quero fazer diferente, ir mais além, e falta sempre algo, acontece sempre algo. Não é para fazer? Não é para fazer ainda? Sou eu que me boicoto? Estou cansada. Não sei o que é para fazer. Não sei o que fazer.

Dificuldade (até) em escrever positivo

Ao olhar para as publicações anteriores vejo que todos os títulos estão em português excepto um o  Happy . Claro, tenho publicações da gratidão, mas aquele em específico é diferente. Não era um exercício. Era o que eu estava a sentir no momento. Aqui vejo que tenho dificuldade em nomear palavras positivas. Parece que não as posso dizer em português porque fica demasiado real. Tenho vergonha de ser feliz? Tenho medo de ser feliz? Se for feliz será que tenho tanta atenção do que se estiver na miséria? Será que se eu disser em português, a felicidade esvai-se por entre os dedos? Em inglês pareceu-me mais fácil de dizer. Happy e Feliz . Happy  parece ser mais superficial, uma alegria breve (citando o meu querido Vergílio Ferreira), fugaz, que foge como areia por entre os dedos. Feliz é um estado de alma, de plenitude, de completude, talvez mais complexo. Na verdade, feliz  é meramente uma palavra, não me parece ser tão profundo quanto isso, no entanto, tive mais facilidade e...

Condescendente

Confirmo, afirmo, assumi, aceito. Sou condescendente. Tenho um bocado a mania da superioridade arrogante. Demoro a chegar às coisas, é duro, é difícil, são montanhas às vezes, e quando chego ao topo, olho cá para baixo com uma certa sobranceria. Às vezes chego ao topo com tanta dificuldade, mas chego, que olho para as outras pessoas e penso: "Não, elas não conseguem chegar aqui" "Não, elas não conseguem fazer melhor" "Não, eu sou melhor" "Não, elas não conseguem" E logo em seguida penso: "E se chegam?" "E se fazem um melhor trabalho?" "E se não teem tanta dificuldade?" "E se conseguem fazer o mesmo que eu de um modo mais leve e fácil?" "Será que eu fui demasiado dramática?" "Se calhar não foi bem assim" "Se calhar era mais fácil e eu chateei-me à toa" "Será que foram as hormonas?" "Será que as hormonas são uma mera desculpa? "Será que eu sou mesmo assim? ...

Fácil

É tão fácil para ti rires-te. É tão fácil para ti chorar. Em dois segundos és capaz de mudar do riso ao choro. Tão rápido. Tão fácil. Tão efémero. Assim são as nossas emoções. Conforme vamos crescendo vamos ficando presos às nossas emoções. O quão não podemos aprender com as nossas crianças? Talvez sejamos nós a aprender mais com elas do que elas connosco. Nós não somos as nossas emoções. Nós não vivemos no passado. O termos estado tristes no passado não implica estarmos tristes agora. Porquê este sentimento de culpa por me sentir bem? Porquê estar agarrado a um passado triste que já não existe? O mesmo acontece ao contrário, o facto de ter sido feliz não quer dizer que tenha de estar constantemente bem. Esta capa de a "vida é só maravilhas" não é real. Real é mostrarmos as nossas emoções sem depender delas, sem ficar agarrado a elas. Temos tanto a aprender com as crianças. Temos tanto a relembrar aquilo que já fomos...

Forças

Eu sei que devia ter forças para fazer as coisas sozinha. Eu tenho forças para fazer as coisas sozinha. Não preciso que me digam que sou eu que tenho de fazer isto ou aquilo. Eu sei. Eu consigo. Eu posso. Mas não tenho vontade. Não tenho forças. Não tenho ânimo. Eu sei que conseguiria o Mundo mas gostava que pegasses em mim e me levasses. Gostava que tivesses a iniciativa. Sei que consigo tudo sozinha mas gostava de ter companhia. É pedir muito? Companhia? Não preciso ser salva, se bem que sabia bem ser salva de vez em quando. Sei que consigo tudo sozinha mas gostava que fizesses comigo. Quanto menos companhia me dás menos vontade tenho de fazer as coisas sozinha. Sei que devia ser ao contrário: Eu faço e tu vens. Mas está a ser ao contrário. Preciso da tua iniciativa, preciso da tua companhia, preciso da tua ajuda, preciso de sair contigo, sair em família. Preciso de ânimo externo para ter forças para ter ânimo interno. Não estou a conseguir de outro modo. Talvez amanhã consiga. Hoje ...